segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Largo

Um enorme anjo protege a porta do teatro. O cair de seus véus estimulam minhas lágrimas. Não por tristeza, ou alegria, mas por algo que eu não sentia há algum tempo: emoção.
Meu coração acelerado deixou-me ofegante e olhando as saídas para os continentes pensei em liberdade. Na proa de cada embarcação, indiferente da direção, tem um anjo.
Pessoas pisam nas ondas preto e branco. Crianças brincam, correm e choram. Com certeza cada um tem uma história aqui, ou vai ter. No meu caso, tenho tantas que se me vestisse de preto e branco, pensariam que faço parte deste chão. Só mais um cenário.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

de novo o fim


Mais uma vez me peguei perdida no tempo. Geralmente sou distraída, mas não quero mudar, tem problema? Acho ótima a sensação de descoberta, mesmo sendo algo que pros outros pareça o óbvio. Esqueço de olhar o calendário, perco agendas e não percebo as surpresas de aniversário. E pronto, já estamos em dezembro outra vez! Dizem que é época de fazer balanços (emocionais e financeiros, inclusive), e algumas casas ainda se enfeitam e os caixas de supermercado usam o gorrinho vermelho.
Bom, reconheci que o ano está no fim e tentei pesar todos os prazeres e tristezas disso. Sempre planejo um mundaréu de coisas pra fazer, como todo mundo, algumas realmente eu faço, mas a maioria eu vou inventando no caminho. Não fiz meu curso de inglês nem saltei de paraquedas, mas enfim tirei a carta de motorista e conheci Minas Gerais. Comi muito peixe e comecei a usar aparelho nos dentes. Passei a usar mais maquiagem, mas desisti de deixar o cabelo crescer. Esqueci de aniversários importantes e comemorei sozinha, datas comuns. Senti tanta falta e me arrependi tantas vezes! Vi pessoas irem embora e fiquei com o vazio da saudade. Trabalhei em dois lugares diferentes e fiquei exausta. Revi um amigo que não via há anos.
Um ano é muito tempo! Não sei quantas pessoas seu fui nesse tempo todo, nem quantas lembranças guardei por querer. Mudei meu estado tantas vezes, mas sempre penso que sou a mesma garota.
Vejo as árvores e as casas com os mesmos enfeites dos anos passados, será que seus donos mudaram?

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

(...)


Estou aqui só, mas não sozinha. Dentro de mim borbulham os sentidos, e cada um deles preenche o espaço que ficou quando entrei no carro e não olhei pra trás. Gosto de ver filminhos passando dentro de mim, e consigo distinguir cheiros e vozes, frases feitas ou não. Ouço aquela canção e instantaneamente sou levada a lugares tão próprios, tão meus - uns dias mais que outros.