quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ventania


Identifiquei mais um momento interessante nessa minha vida louca e Deus tem me ensinado muito a respeito de amor e perdão. Sim, porque até então eu imaginava que amar era estar perto, cuidar e ficar junto pra sempre, e que perdão era esquecer todo o erro passado e tocar o barco pra frente. Amar é mais do que tudo isso, é inclusive saber esperar o tempo certo para estar perto. Cuidar não significa estar no pé o tempo inteiro, verificando se se alimentou direito ou não se meteu em confusão, é também medir palavras e dominar impulsos. Ficar junto é muito mais do que ver todos os dias, falar dezenas de vezes ao telefone ou até mesmo ter a certeza que vai ganhar um abraço gostoso no fim do dia - pode ser manter o sentimento com respeito, mesmo que tenha que ficar longe.
Para perdão, to aprendendo a entender que esquecer o passado é pra quem tem alzheimer, o que não se pode é manter o sentimento ruim do passado mas sim captar a lição disso, e evitar repetir erros. Sim, porque não é só quem nos machuca que erra, o machucado também erra e muito. Perdoar é como o arrependimento, não só se reconhece o erro, mas também não quer repeti-lo. Se eu perdoo e digo que esqueço, no primeiro vacilo do outro tudo virá à tona, inclusive o mau sentimento. Mas se eu perdoo, consciente do erro e me preparo para conviver com isso de maneira que não me machuque mais, se torna a acontecer já estou blindada. É mais ou menos isso.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sobre Arnaldo


Um dia fui a um show do Arnaldo Antunes na praia de Tambaú em João Pessoa. Algumas pessoas estavam descalças na areia fria de uma noite quase morna. Quando ele subiu ao palco percebi várias meninas rodando suas saias hippies, acenando para ele como se fosse a um velho amigo que chegara de viagem e os rapazes soltavam sua fumaça como um comprimento.
Arnaldo, com aquele olhar vidrado na cara do seu público, piruetava e dançava de forma pouco formal, mas completamente compreensível. A voz dele é diferente, é mais firme, alta, esclarecida.
Enquanto cantava ou proclamava suas músicas psicodélicas, imagens coloridas e bonitas enfeitavam o palco e refletiam no mar. Eu ouvia o Arnaldo, ouvia a saia das meninas e ouvia o mar. Meus olhos viam o mar, viam as cores refletidas e viam meus pés na areia fria.
Inesquecivelmente psicodélico, mas completamente adorável.

Em "12 poemas para dançarmos" ele diz:




" As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se desapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis — os poemas — contaminando o deserto da referencialidade. "