segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sobre Arnaldo


Um dia fui a um show do Arnaldo Antunes na praia de Tambaú em João Pessoa. Algumas pessoas estavam descalças na areia fria de uma noite quase morna. Quando ele subiu ao palco percebi várias meninas rodando suas saias hippies, acenando para ele como se fosse a um velho amigo que chegara de viagem e os rapazes soltavam sua fumaça como um comprimento.
Arnaldo, com aquele olhar vidrado na cara do seu público, piruetava e dançava de forma pouco formal, mas completamente compreensível. A voz dele é diferente, é mais firme, alta, esclarecida.
Enquanto cantava ou proclamava suas músicas psicodélicas, imagens coloridas e bonitas enfeitavam o palco e refletiam no mar. Eu ouvia o Arnaldo, ouvia a saia das meninas e ouvia o mar. Meus olhos viam o mar, viam as cores refletidas e viam meus pés na areia fria.
Inesquecivelmente psicodélico, mas completamente adorável.

Em "12 poemas para dançarmos" ele diz:




" As palavras se desapegaram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como a criação se desapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis — os poemas — contaminando o deserto da referencialidade. "

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