sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mirror.

Na minha última caminhada por Santos dei pra observar o desenho das casas antigas. Não por cultismo nem nada, mas porque é engraçado o jeito que elas foram cercadas e quase invadidas pela grandiosidade dos condomínios e grandes lojas. Algumas não tem espaço para janelas, mal para portas. Não tem como não pensar em " A casa", cantiga infantil tão cantada por mim e por outras tantas.
Talvez se tivessem rosto, estaria enrugado, com cara de vovô bonzinho, ou não. Só sei que elas parecem deslocadas. Na verdade, o mundo ao redor delas é que parece.
Uma ficou gravada direitinho aqui na caixola. As poucas partes que ainda tinham tinta, eram rosa envelhecido, guardada por um muro baixo, enfeitado por grades brancas desenhadas em espirais. Delicada, sua guarda é frágil. 
O muro não a esconde, ao contrário. Mostra pra nós, pedestres observadores do quintal alheio, tudo o que interessa ver. Algumas garrafas encostadas num canto próximo ao fiat 147, um frondoso Ypê branco, uma casinha de cachorro. É impossível não ver meu eu refletido nessa aparência.

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